Policy Brief
Caio Mattos (Departamento de Física, Universidade Federal de Santa Catarina)
Luís Gustavo Cattelan (Escola de Geografia, Universidade de Leeds, Reino Unido), Iago Simões (Departamento de Genética, Ecologia e Evolução, Universidade Federal de Minas Gerais), Marina Hirota (Departamento de Física, Universidade Federal de Santa Catarina), Paulo Moutinho (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Ane Alencar (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia)
As florestas amazônicas impulsionam um vasto ciclo hídrico continental, reciclando a umidade que vem dos oceanos e sustenta as chuvas dos Andes até a Bacia do Prata.
As Áreas Naturais Protegidas, Territórios Indígenas e Florestas Públicas Não Designadas no Brasil geram volumes de chuva comparáveis à vazão do rio Amazonas, abastecendo o continente sul-americano — evidenciando o papel da Amazônia como recurso compartilhado.
As florestas tropicais funcionam como grandes bombas de água: absorvem umidade vinda do oceano e, por evapotranspiração, a liberam na atmosfera, formando nuvens e chuvas locais e distantes — processo conhecido como “Rios Voadores”.
A água reciclada pela Amazônia pode precipitar em outros países.
As secas afetam também a geração hidrelétrica da América do Sul, reduzindo o fluxo dos rios, a capacidade de geração e elevando o custo da energia.
A Bacia do Prata, que abriga mais de 70 barragens hidrelétricas (incluindo Itaipu), depende em algumas regiões de até 45% das chuvas originadas na Amazônia. Anualmente, a floresta entrega cerca de 700 trilhões de litros de chuva à bacia, o suficiente para encher o reservatório de Itaipu 24 vezes.
O futuro dos “rios voadores” da Amazônia é altamente incerto.
Mudanças no regime de chuvas podem ameaçar o abastecimento de água e energia de milhões de pessoas dentro e fora da Amazônia.




