Policy Brief
autora: Marina Spindel (consultora Banco Mundial)
Os conhecimentos ancestrais indígenas são fundamentais para a adaptação e a mitigação climática. Fortalecer a proteção e a demarcação dos territórios indígenas é parte essencial da resposta à crise climática. Os povos indígenas têm papel histórico no manejo e na preservação da floresta.
Segundo a OTCA e o Observatório Regional Amazônico (ORA), a Amazônia abriga entre 420 e 511 povos, distribuídos em 3.477 territórios oficialmente reconhecidos.
Em 2024, 92% das Terras Indígenas da Amazônia Legal brasileira enfrentaram algum grau de seca — aumento de 37% em relação a 2023.
A estiagem prolongada compromete a navegação, o acesso a alimentos, água potável, saúde e educação.
A região registrou picos de até 5,1 °C acima da média histórica, prejudicando práticas de subsistência e gerando impactos devastadores — inclusive queimadas incontroláveis que comprometem alimentos, água e saúde.
Os Povos Indígenas da Amazônia vêm ampliando sua resiliência climática por meio de estratégias que combinam conhecimento ancestral e, em vários casos, tecnologias contemporâneas. Do conuco da Venezuela, baseado no manejo rotativo da biodiversidade, às práticas da Guiana, onde comunidades do sul de Rupununi combinam manejo do fogo e gestão comunitária da água, somam-se a atuação da Mesa Indígena Amazônica de Mudança Climática na Colômbia e as soluções do Suriname, onde povos indígenas adotam estratégias específicas para lidar com secas e enchentes. No Equador e no Brasil, monitoramentos territoriais que unem saber tradicional e ferramentas digitais fortalecem a governança indígena, enquanto iniciativas nacionais como a PPICC, no Peru, e o manejo hídrico ancestral no Beni, na Bolívia, ampliam a capacidade de mitigação e adaptação em nível comunitário.A OTCA avança na inclusão da participação indígena na governança regional.
Um marco é a criação do Mecanismo Amazônico dos Povos Indígenas (MAPI), previsto na Declaração de Belém (2023), aprovado em 2025.




