Skip to main content

Policy Brief

Autora: Lis Bentes (consultora Banco Mundial)

O documento propõe quatro eixos de atuação para adaptação:

  1. Política Nacional – Participação Legitimada
    Consolidação de redes de autoridades e instituições executivas nacionais, garantindo representação ativa de todos os países amazônicos e fortalecendo a governança regional.
  2. Política Internacional – Cooperação e Equidade
    Integração de dados sobre populações indígenas e comunidades locais, limites ecossistêmicos e dimensões sociais (gênero, raça e territorialidade) nas estratégias globais de adaptação.
  3. Ciência Nacional – Gestão do Conhecimento
    Fomento à articulação científica e à ampliação de capacidades técnicas, promovendo a apropriação dos dados e modelos por governos e comunidades locais.
  4. Ciência Internacional – Monitoramento, Transparência e Inovação
    Desenvolvimento de sistemas interoperáveis de dados e observatórios regionais, como o ORA, para acompanhar impactos locais e globais e integrar a Amazônia às tendências mais avançadas da ciência aplicada.

Esses quatro pilares, quando articulados, configuram um “rumo ao impacto” — um modelo colaborativo para uma adaptação climática efetiva e justa.

As ações de adaptação devem priorizar as populações mais vulneráveis, reconhecendo as relações de interdependência econômica, cultural, física e humana entre floresta, clima e sociedade.

Pesquisas indicam que a estação seca na Amazônia já se tornou mais longa e intensa.


Nessas regiões, o equilíbrio de carbono se inverteu — a floresta passou de sumidouro a fonte de CO₂, emitindo cerca de dez vezes mais carbono do que áreas com desmatamento inferior a 20%. Levantamentos aéreos (2010–2018) estimam emissões médias anuais de 87 milhões de toneladas de CO₂, agravando o ciclo de degradação ambiental.

O prolongamento da seca e das temperaturas extremas acarreta impactos diretos sobre a saúde e o bem-estar: aumento da mortalidade de peixes e mamíferos, escassez de água potável e alimentos seguros, além de interrupções no transporte fluvial — principal via de deslocamento amazônico.

Eventos extremos crescem em frequência, intensidade e duração, atuando como “gatilhos climáticos” que geram impactos em cadeia nos sistemas sociais e ecológicos.
Um exemplo é a alteração dos rios voadores: mudanças no Atlântico Norte podem deslocar a zona de convergência intertropical e provocar secas severas, com riscos que afetam a estabilidade política e social da região.
A perda de biodiversidade agrava a vulnerabilidade social, criando um círculo vicioso em que comunidades tradicionais ficam mais expostas a eventos extremos.
A Amazônia é, portanto, o epicentro de vulnerabilidades compartilhadas — a erosão de sua biodiversidade significa também erosão da capacidade humana de resistir e se adaptar.