Policy Brief
Autor: Bernardo Flores (consultor ORA/OTCA)
A revisão mais completa e recente sobre o ponto de não retorno da Amazônia identificou dois limites críticos do sistema que poderiam iniciar um processo de colapso: o aquecimento global entre 2 e 6 °C (em relação ao período pré-industrial); e o desmatamento acumulado que alcance 20% da área total florestal do bioma.
As evidências científicas indicam que a Amazônia está avançando em direção a esse ponto de não retorno, com uma preocupação crescente de que essa transição possa ocorrer ainda neste século.
Um colapso parcial da Amazônia teria impactos severos sobre a biodiversidade e as funções ecossistêmicas — como a produção regional de chuvas e a disponibilidade de alimentos — afetando a vida dos povos indígenas e das comunidades locais, além de colocar em risco a estabilidade climática do planeta.
Nas próximas décadas, partes da Amazônia podem tornar-se inabitáveis devido ao calor extremo, ao isolamento por dificuldades de navegação e à escassez de água e alimentos.
A prevenção exige:
- redução das emissões globais de carbono;
- restauração da cobertura florestal do bioma; e
- aumento da capacidade adaptativa local.
A diversidade ajuda a Amazônia, suas sociedades e instituições, a se adaptar.
A cooperação regional entre os países amazônicos para reduzir o desmatamento líquido e restaurar a cobertura florestal do bioma é urgente.
A Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) tem impulsionado a cooperação regional por meio de iniciativas como:
- a Rede Amazônica de Autoridades Florestais (RAFO),
- a Rede Amazônica de Manejo Integrado do Fogo (RAMIF),
- a Rede Amazônica de Autoridades da Água (RADA) e
- o Mecanismo Amazônico dos Povos Indígenas (MAPI).
Estas ações são urgentes para evitar o ponto de não retorno e manter o sistema dentro de seus limites seguros.




